Contra todas as expectativas, Formiga completa 43 anos sendo um dos principais símbolos do esporte brasileiro

Miraíldes Maciel Mota. Hoje em dia não é mais tão difícil atribuir a dona desse nome à jogadora reconhecida pelo talento e longevidade nos campos. Formiga, um dos símbolos do futebol feminino mundial, completa 43 anos nesse 03 de março de 2021.

Mais da metade deles dedicados a defender não apenas a camisa da seleção brasileira, mas também o espaço das mulheres dentro do futebol. Missão árdua num país que, mesmo tendo o esporte como paixão nacional, ainda é regido pelo machismo dentro e fora das quatro linhas.

Atleta recordista em participações em Copas do Mundo, entre homens e mulheres, totalizando 7 edições (1995, 1999, 2003, 2007, 2011, 2015 e 2019); vestiu a camisa da seleção em 200 jogos; aos 41 anos foi a jogadora mais velha a participar de um Mundial, na última edição na França, Formiga acumula números expressivos em sua carreira.

E se a pandemia do Coronavírus permitir, esse ano ela acrescentará mais um feito ao seu livro particular de recordes: disputará pela sétima vez os Jogos Olímpicos. Medalhista de prata em Atenas (2004) e Pequim (2008), a meio campista participou de todas as edições desde que o futebol feminino entrou no programa olímpico, nos jogos de Atlanta em 1996. Formiga é a atleta brasileira que mais vezes participou das Olimpíadas, ao lado do velejador Robert Scheidt, bicampeão olímpico.

Mesmo com todo esse currículo por quê Formiga não tem o reconhecimento que é dado a tantos outros atletas que não possuem metade do que ela conquistou? Não estamos falando de prêmio de melhor do mundo ou outros títulos dessa natureza. Mas o reconhecimento da sociedade, tanto no ambiente esportivo como civil. Formiga fez mais pelo país do que muito senador, deputado e até presidente.

Com o talento no futebol, Formiga levou o nome do Brasil para o mundo. Desde 2017 ela atua no Paris Saint-Germain, um dos principais times da Europa. Isso sem esquecer do início da carreira nos campos de barro no Subúrbio Ferroviário de Salvador, na Bahia. No preconceito dentro de casa, onde numa família de quatro irmãos jogar bola era quase um crime.

As mulheres negras representam quase um terço da população brasileira, 28%. Dados de 2019 apontam que entre as pessoas desempregadas do país 16% correspondem a mulheres negras. No ano passado, um levantamento feito mostrou que cerca de 75% das mulheres assassinadas no Brasil no primeiro semestre eram negras.

Contrariando todas as estatísticas do sistema, que não são poucas, Miraíldes é uma mulher, negra, periférica que venceu. Parabéns para ela que está vivona e no topo. Formidável Formiga!

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