“Aulas de fracasso”

Segundo o IBGE, 60% dos novos negócios no Brasil fecham as portas em menos de cinco anos. E vivemos um modelo de mundo onde a automação e a inteligência artificial prometem eliminar 35% dos postos de trabalho nos próximos 20 anos.

Apesar disso, as faculdades continuam preparando os estudantes apenas para acertar. Estudam fórmulas consagradas, debatem casos de sucesso, premiam os alunos que dão as respostas “corretas”.

O problema é que, popularmente falando, na escola, a matéria vem antes e o teste, depois. Na vida real, o teste vem antes e a matéria, depois.

Então, o que seriam aulas de fracasso? Logicamente, não seriam para os alunos aprenderem a fracassar, mas para saberem o que fazer quando isso acontecer.

Seriam mesmo uma terapia. Aprenderiam que o fracasso não é vergonhoso, uma desgraça ou o fim da linha. É apenas uma etapa, uma correção de rota para seguir a jornada.

Em países como o Brasil e a França, fracassar é uma sina que pode acompanhar a pessoa pelo resto da vida. Nos EUA é encarado como normal e o profissional encorajado a tentar novamente. Não à toa, é o país de maior foco em empreendedorismo.

Nas aulas de fracasso, os estudantes seriam instruídos a não desprezar, esconder ou negar seus erros, pois, apesar de indesejado, o fracasso é o curso mais instrutivo que alguém pode ter. Você já ouviu aquela máxima de que “quem apanha não esquece”?

Já existem conferências hoje, onde são convidados empreendedores e líderes que exponham suas falhas para uma grande plateia.

Se a função da universidade é formar profissionais para a realidade de mercado, esta é a dura realidade que vivemos: empregos desaparecendo, profissões mudando, empresas fechando, tecnologias se multiplicando, quebra de paradigmas todos os dias e incertezas, muitas incertezas.

Segundo Jim Collins, o autor do livro “Empresas feitas para durar”, algo assim como “aulas de fracasso” serviriam para evitar que tanta gente desistisse facilmente das coisas.

Ou seja, aqui com meus botões, os profissionais devem dar o melhor de si em suas carreiras, mas se preparar para o pior.

Pense nisso, um forte abraço, esteja com Deus!

*Gilclér Regina é escritor e palestrante profissional