Atleta nascido em Mandaguari é campeão mundial de capoeira
O capoeirista Caio Kalil Caldeira Alves, conhecido como treinador Faísca, que já morou em Mandaguari, alcançou um feito histórico ao conquistar o título mundial de capoeira. O evento, realizado no Estádio Pinheirão, em Curitiba, reuniu atletas de 21 países, e ele se destacou pela técnica, disciplina e paixão pelo esporte.
Caio conta que foi sua tia quem o apresentou à capoeira, preocupada com o aumento da criminalidade em Mandaguari e querendo mantê-lo longe disso. Primeiro, ela conheceu a capoeira e, depois, o convidou para uma aula. “Quando cheguei em Jandaia e vi o berimbau, o som, aquela galera reunida, a música, me encantei com tudo e, desde então, nunca mais parei. Já fazem 28 anos.”
A conquista não veio por acaso. Com anos de dedicação, Caio se consolidou como um dos principais nomes da capoeira mundial. Sua trajetória começou na infância e, ao longo dos anos, ele transformou sua paixão em um propósito de vida. “Foi um momento único. Desde pequeno, sonhei com isso e hoje posso dizer que todo o esforço valeu a pena”, declarou o campeão.
Caio tem um filho, Kaue, de 16 anos, atleta de alto rendimento e bicampeão mundial de capoeira. Os dois treinam juntos e a preparação para o mundial durou seis meses intensos. “Nos preparamos praticamente por seis meses, intensificando nos últimos 90 dias. Treinamos técnica, corrida, tática e, o mais importante, o psicológico. O primeiro adversário a ser vencido sou eu mesmo. Se não for assim, nada dará certo.”
Além das competições, Caio desenvolveu um projeto social em Ponta Grossa, que usa a capoeira como ferramenta de transformação para crianças e adolescentes. O projeto atende jovens em situação de vulnerabilidade, ensinando não apenas os movimentos da capoeira, mas também valores como respeito, disciplina e superação, mantendo-os longe das drogas e da criminalidade. “A capoeira mudou a minha vida, e quero que ela mude a vida de outras pessoas também. Meu objetivo não é apenas formar atletas, mas cidadãos melhores.”, acrescentou
Ao ser questionado sobre o futuro e a continuidade nos torneios, Caio afirmou que este seria seu último mundial antes da aposentadoria. Vice-campeão no ano anterior, ele se motivou a vencer desta vez. Apesar disso, pretende continuar dando aulas. “Minha ideia é competir até o próximo ano e depois parar. Vou seguir com o trabalho social e me especializar para ser um dos melhores preparadores de alto rendimento da minha região.”
Agora, com o título mundial, ele quer ampliar ainda mais o alcance do seu projeto e fortalecer a capoeira como um esporte respeitado e valorizado. Seus planos incluem a criação de novas turmas, busca por patrocínios e a expansão da iniciativa para outras cidades. “Meu sonho é que mais crianças e jovens tenham acesso à capoeira e enxerguem nela uma oportunidade de crescimento e mudança de vida.”, explicou
Caio deixa um recado para quem sonha em aprender e treinar capoeira: “Precisamos de uma sociedade mais concreta, mais amorosa e com mais respeito entre os seres humanos. A capoeira nos ensina tudo isso. Todo capoeirista é uma pessoa respeitosa, que valoriza a cor, a religião e a posição social do outro. Quanto mais capoeiristas tivermos, mais vamos transformar a sociedade.”, encerrou.