Brigas na região da Rodoviária e Praça Tiradentes preocupam moradores e comerciantes
Dias atrás, a reportagem do Portal Agora acompanhou o atendimento da Polícia Militar e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) a uma ocorrência de agressão registrada na Rodoviária de Mandaguari. No local, um homem de 43 anos foi socorrido com ferimentos graves no rosto e na boca, provocados por golpes de pedra durante uma briga com outro indivíduo.
Essa, no entanto, é apenas uma entre diversas ocorrências de agressão que têm se tornado cada vez mais frequentes na região da Rodoviária e na Praça Tiradentes. Durante o atendimento, frequentadores e comerciantes relataram à reportagem que os conflitos no local são quase diários. Segundo eles, grupos, geralmente compostos por pessoas em situação de rua, costumam se reunir para consumir bebidas alcoólicas, e as discussões acabam evoluindo para agressões físicas.
Uma comerciante da região afirmou que a sensação de insegurança é constante. Segundo ela, já chegou a acionar a Polícia Militar em algumas ocasiões, mas, quando a equipe chega, os envolvidos costumam dispersar antes da abordagem.
Recentemente, um vídeo que circulou em grupos de mensagens mostrou dois homens utilizando até lixeiras da rodoviária durante uma briga. Em outro caso, duas mulheres trocaram agressões por cerca de trinta minutos no centro da Praça Tiradentes, em plena luz do dia.
Questionado pela reportagem, o vereador e presidente da Câmara Municipal de Mandaguari, Edilson Montanheri, lamentou a situação e afirmou que medidas estão sendo tomadas para conter as ocorrências.
“Realmente é uma lástima essas brigas na Praça Tiradentes e na rodoviária. Já entramos em contato com a Polícia Militar, que intensificará as abordagens ao longo do dia, duas ou três vezes, se necessário, para identificar essas pessoas e garantir mais tranquilidade aos munícipes, principalmente àqueles que utilizam a rodoviária”, declarou Montanheri.
A Secretaria Municipal de Assistência Social de Mandaguari informou que vem desenvolvendo, de forma contínua, ações voltadas ao atendimento e acompanhamento da população em situação de rua, inclusive na região central e no entorno da rodoviária.
Entre janeiro e julho de 2025, foram realizados 1.613 atendimentos via Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), contemplando 995 pessoas, com oferta de 962 banhos, 1.575 cafés, 655 passes intermunicipais e 45 atendimentos sociais técnicos. As equipes atuam em abordagens sociais, articulação familiar, encaminhamentos para serviços públicos, solicitação de documentos e apoio durante períodos de frio intenso, oferecendo abrigo, roupas e alimentação.
Esses números refletem o funcionamento diário do Protocolo Interno de Atendimento da População em Situação de Rua, que assegura acolhimento humanizado e garantia de direitos. O município adota um protocolo que assegura a liberdade de escolha dos usuários e veda qualquer forma de coação, priorizando o respeito à dignidade humana e a atuação intersetorial com outras políticas públicas.
Na última reunião com representantes do Ministério Público do Paraná (MPPR), da Polícia Militar e da Câmara Municipal, foram discutidas estratégias conjuntas para aprimorar as abordagens sociais, reforçar a segurança no entorno da rodoviária e garantir a integração das ações assistenciais e preventivas.
A Polícia Militar do Paraná, seguindo o Procedimento Operacional Padrão (POP) nº 100.30, atua apenas quando há indício de prática criminosa, seja como autor ou vítima, não sendo cabível o acionamento da PM apenas pelo incômodo causado pela presença de pessoas em situação de rua. Durante abordagens, os policiais devem preservar o domicílio improvisado, respeitar sua inviolabilidade e privacidade e proibir qualquer forma de coação para aceitar atendimento ou encaminhamento.
O POP estabelece que a situação de rua, por si só, não configura motivo suficiente para abordagem, busca pessoal ou prisão, sendo vedadas condutas discriminatórias, linguagem desrespeitosa ou tratamento degradante. Em caso de abordagem, as equipes orientam sobre os serviços de Assistência Social, respeitam a decisão do indivíduo e permitem que ele permaneça no local, preservando o direito de livre locomoção.
A Polícia Militar, em conjunto com a Secretaria Municipal de Assistência Social, tem realizado esse tipo de abordagem integrada de forma contínua, com foco na proteção social e no respeito aos direitos humanos.
Segundo o secretário municipal de Assistência Social, Alisson Barboza, “Temos trabalhado em parceria com a Polícia Militar em toda a cidade, garantindo que cada abordagem deste tipo seja feita com respeito e sensibilidade social. Entre janeiro e julho, foram mais de 1.600 atendimentos realizados via CREAS, o que demonstra o compromisso das nossas equipes com o cuidado, a dignidade e os direitos das pessoas em vulnerabilidade.”
A Secretaria Municipal de Assistência Social reafirma seu compromisso em manter o trabalho conjunto, priorizando a proteção social, o respeito aos direitos humanos e a construção de soluções efetivas e humanizadas para enfrentar a situação de vulnerabilidade que afeta parte da população de Mandaguari.
