Safra do café 2025 pode trazer estabilidade nos preços, mas clima desafia produtores

O café, presente na história não só de Mandaguari, mas a preferida na população brasileira, registrou uma alta expressiva nos preços no último ano. Esse aumento refletiu diretamente no mercado, trazendo expectativas e desafios para a safra atual. Entretanto, alguns fatores continuam influenciando o ritmo da produção e os preços, gerando um cenário de incertezas para os próximos meses.

Segundo Fernando Lopes, proprietário do Café Bela Esperança, a colheita deste ano tem sido marcada por grãos menores e menor rendimento por hectare. Isso é reflexo direto das altas temperaturas registradas durante o segundo semestre de 2024, quando os termômetros passaram dos 32°C em vários dias seguidos. “Esse calor excessivo faz com que o pé de café se proteja, abortando os frutos ou impedindo que eles se desenvolvam corretamente”, explica.

Apesar dos cuidados dos produtores locais, os efeitos climáticos foram sentidos. Além do calor extremo, chuvas fora de época também têm prejudicado a colheita, derrubando grãos no chão e dificultando o trabalho no campo. A previsão de novas frentes frias e até mesmo risco de geadas acende um sinal de alerta para os próximos dias, já que o inverno começa oficialmente na próxima semana. “Temos previsão de 2 a 3 graus para Mandaguari. Isso nos preocupa, principalmente nas lavouras mais jovens”, aponta Fernando.

Outro fator preocupante é a possibilidade de geada atingir lavouras com menos de um ano de idade, que são mais sensíveis às baixas temperaturas. Em caso de frio intenso, o prejuízo pode comprometer não só esta safra, mas também a produtividade do ano que vem. “O produtor que tem lavoura nova precisa ficar atento e proteger as mudas. Uma geada forte pode ser fatal”, alerta.

Nos últimos quatro anos, o setor cafeeiro brasileiro vem enfrentando uma sequência de perdas. Em 2021, uma forte geada atingiu diversas regiões do país, reduzindo drasticamente a safra do ano seguinte. Em 2023, muitas lavouras ainda estavam em processo de recuperação, e em 2024, a seca prolongada impediu o bom desenvolvimento da florada. A expectativa era de uma super safra neste ano, o que não se concretizou. “Tivemos uma florada linda no fim de 2024, mas como a planta estava debilitada pela seca, o grão não se formou”, comenta o produtor.

Quem conseguiu guardar café em 2023 colheu bons frutos. “A alta excessiva do café foi no momento, no ano passado, onde a maior parte dos produtores já tinham vendido café. Mas aqueles que tinham mercadoria guardada, fizeram muito dinheiro com pouco café”.

Esse momento de recuperação trouxe alívio ao setor. “O produtor de café se estabilizou, mesmo nos preços de agora que nós temos. Eles estão colhendo e vendendo e fazendo uma grande reserva financeira, coisa que, como eu disse para você no início, de 15 a 20 anos, o produtor, no máximo, sobreviveu com muita dificuldade pelos preços baixos”. Essa recuperação financeira permitiu a muitos investir em maquinário e estrutura, o que traz fôlego para o setor após quase duas décadas de preços estagnados.

Apesar da estabilidade momentânea nos preços, o mercado segue sensível. Qualquer evento climático inesperado, como uma nova geada forte ou excesso de chuvas, pode pressionar novamente os valores. A recomendação para os cafeicultores da região é redobrar os cuidados com as lavouras e se preparar para cenários diversos neste inverno, que ainda reserva incertezas quanto ao comportamento do clima. “Estamos em um ano sem El Niño ou La Niña. Tudo pode acontecer. É um tempo imprevisível”, aponta Fernando.

Sobre a expectativa para a safra deste ano, Fernando Lopes explica que, nesta entrada de safra, existe uma estabilização dos preços, o que sinaliza uma pausa nas altas neste momento. Essa estabilidade, mesmo diante dos desafios climáticos, traz um alívio importante para produtores e compradores, que seguem atentos ao mercado e às condições do clima nos próximos meses. “Nessa entrada de safra agora existe uma estabilização dos preços onde sinaliza que há uma parada nas altas no momento”, finalizou.