O velho erro disfarçado de Novíssimo Ensino Médio

O Ministério da Educação anunciou que, a partir de 2026, o Novo Ensino Médio passará por mudanças significativas. A decisão vem após anos de críticas de professores, estudantes e especialistas, que apontaram falhas no modelo implantado em 2022. A promessa era revolucionar a educação, dar liberdade de escolha aos alunos e aproximar o conteúdo escolar da realidade. Na prática, o resultado foi um ensino fragmentado, desigual e desvalorizado.

A ideia dos itinerários formativos parecia interessante no papel: permitir que o estudante escolhesse uma trilha de acordo com seus interesses e projetos de vida. Mas nas escolas, especialmente nas públicas, o que se viu foi falta de estrutura, ausência de professores capacitados e uma redução drástica na carga horária das disciplinas básicas. Português, Matemática, Sociologia, História e outras matérias fundamentais perderam espaço para conteúdos genéricos, muitas vezes sem relação com a base comum. O ensino, que deveria formar cidadãos críticos, acabou se tornando um mosaico de conteúdos desconectados.

O governo agora tenta corrigir o rumo. Entre as mudanças previstas para 2026 estão o aumento da carga horária das disciplinas obrigatórias e a revisão dos itinerários formativos. Ainda assim, a nova proposta não escapa de críticas. O problema não está apenas na grade curricular, mas na forma como se fazem as reformas educacionais no Brasil; sempre de cima para baixo, sem diálogo real com quem vive o cotidiano das escolas.

Enquanto especialistas debatem porcentagens de carga horária e novos nomes para velhas disciplinas, o que se vê nas salas de aula é desânimo. Professores sobrecarregados, alunos confusos e uma rede de ensino que tenta se adaptar a cada nova mudança imposta. A educação se tornou um laboratório constante, e os estudantes, cobaias de um sistema que insiste em experimentar sem planejar.

O Novo Ensino Médio de 2026 é, portanto, uma tentativa de remendar o que foi feito às pressas. Mas reformar sem investir, sem ouvir e sem compreender as realidades locais é repetir o mesmo erro. A escola precisa de estrutura, de formação continuada para os docentes e de um projeto pedagógico que una, e não divida, o aprendizado.

Reformas no papel não garantem aprendizado na prática. Aulas têm o potencial de desenvolver o senso crítico, e sempre defendi a ideia de que os estudantes devem ter oportunidade de aprender sobre assuntos que vão além da rotina exaustiva de contas matemáticas e conjugações verbais. No entanto, quando não se ouve quem aplica o conteúdo, a falta de professores se agrava, os alunos perdem o foco e a disciplina, e, no fim, é a sociedade que paga o preço no futuro.