O exercício da Advocacia

Nos termos da nossa constituição, a advocacia é indispensável para a administração da justiça.

De fato, quando o conflito impede o diálogo, quando a emoção se sobressai à razão, a figura do advogado torna-se peça-chave para mediação, defesa dos direitos e solução total ou parcial dos problemas.

Advogar é um trabalho difícil e requer sim vocação, sobretudo em tempos tecnológicos, de pouca paciência e em que todo mundo quer ter razão. É preciso bom senso e sabedoria para lidar com os conflitos alheios.

A prática da advocacia evoluiu em muitos aspectos, no entanto, a essência continua mesma: a busca pelo direito para alcançar a justiça e pela justiça encontrar a paz.

Em termos operacionais a justiça evoluiu muito: saímos dos processos de papel e passamos operar sistemas. As audiências, até então presenciais, tornaram-se híbridas e virtuais. Hoje, temos ferramentas que nos possibilitam manter contato com clientes de qualquer lugar do mundo. A inteligência artificial também chegou aos escritórios e será uma ferramenta constante e muito útil em nossa vida profissional.

Por outro lado, as redes sociais e toda tecnologia trouxeram também práticas desleais e enganosas, que deslumbram os menos avisados, com soluções milagrosas, causas “ganhas” e processos “fáceis”, quando na verdade, tudo que se quer não é resolver o problema daquele indivíduo desesperado, mas sim angariar seguidores e “likes” que são a maior fonte financeira desses ditos profissionais.

O acesso à tecnologia ainda nos trouxe os “doutores Googles”, que por meio de pesquisas superficiais, quase sempre descontextualizadas, se julgam exímios entendedores das leis e, dessa forma, aptos a questionarem os conhecimentos, experiências e sabedoria acumulada pelo advogado durante longos anos de estudo e atuação profissional.

Mas, apesar de todas as modernidades, a essência da profissão continua a mesma: o uso das leis, a ética e o respeito às partes são as ferramentas fundamentais na luta por justiça!

Infeliz daquele que se deslumbra com o tratamento de doutor ou doutora e não mensura o peso da responsabilidade que permeia nossas orientações, nossa conduta em audiências e nossas argumentações processuais na vida do cliente.

Nem sempre ganhar um processo significa trazer a paz que o indivíduo tanto busca. Às vezes, é preciso usar da sabedoria salomônica, do uso da razão ou a solução equitativa para não prolongar sofrimentos.

Rui Barbosa dizia: o advogado pouco vale nos tempos calmos”, mas é através da luta deste profissional em tempos de conflitos que se chega à justiça.