Hospital Cristo Rei irá ampliar sua estrutura com 25 novos leitos de UTI
Mandaguari irá viver um momento de transformação e ampliação em sua rede hospitalar. O Hospital Cristo Rei, principal referência no atendimento pelo SUS no município, anunciou uma grande ampliação em sua estrutura. Com previsão de 25 novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), sendo 20 leitos para adultos e 5 leitos pediátricos, além de 40 leitos de suporte, a unidade pretende quase dobrar sua capacidade atual. Atualmente, o Hospital Cristo Rei possui 60 leitos SUS, com a ampliação, esse número chegará a 100 leitos clínicos, além dos leitos intensivos.
O investimento total da obra gira em torno de R$ 25 milhões, com verbas destinadas à compra de equipamentos e enxoval hospitalar. A obra será custeada por recursos do Governo Federal e do Governo Estadual, uma parceria entre os dois governos, e com contrapartida do município, segundo explicou Bruno, diretor jurídico do hospital. O projeto arquitetônico já foi aprovado pela Vigilância Sanitária e a Secretaria de Saúde de Mandaguari, e o hospital trabalha agora nas etapas de projeto elétrico, hidráulico e levantamento de custos para início da construção ainda em 2025. “O município também é um dos principais interessados nesse projeto, afinal, é ele que arca com a maior parte da contrapartida”, disse Bruno, diretor do Hospital Cristo Rei.
Contrato com a Prefeitura: estabilidade e novos serviços
Bruno destacou também que está em curso a renovação do contrato entre o hospital e a Prefeitura de Mandaguari. O objetivo é firmar um novo acordo com validade de quatro anos, encerrando o ciclo de contratos anuais e suas constantes incertezas. “Queremos evitar essa guerra de todo ano vencer o contrato e recomeçar a negociação”, relatou.
Com a renovação, pretende-se ampliar os atendimentos, especialmente nas áreas de ginecologia, obstetrícia e, sobretudo, pediatria, apontada por ele como um dos principais problemas do hospital. Segundo ele, 98% dos problemas atuais estão relacionados ao atendimento infantil, muitas vezes desviado da rede básica de saúde. “Hoje, muitas mães já não procuram a UBS do município, levam diretamente ao hospital casos que não são urgentes. Isso sobrecarrega o sistema”, explicou.
Pela regulamentação do Ministério da Saúde, os atendimentos são organizados por nível de urgência (cores: vermelho, amarelo, verde, etc). Assim, situações não urgentes, como gripes leves, acabam ficando em segundo plano diante de emergências, isso acaba fazendo com que a maioria dos atendimentos pediátricos no hospital demorem mais do que o esperado.
Falta de pediatras e sobrecarga no atendimento
Além do uso inadequado da urgência por parte da população, Bruno relatou a falta de pediatras na região, o que acaba agravando o problema do hospital. Bruno afirmou que, até onde se tem conhecimento, não há pediatras nas UBSs de Mandaguari, o que concentra a demanda no hospital. A unidade conta com pediatra interno, que atua cerca de quatro horas por dia e realiza uma visita diária aos pacientes. No entanto, o atual contrato com o município prevê apenas 3 horas semanais, o que é completamente defasado diante da realidade.
“O contrato foi feito em 2019 e hoje é totalmente inviável, precisamos que o pediatra permaneça mais tempo no hospital. Só nos primeiros meses de 2025, a média é de 100 crianças atendidas por dia no Hospital Cristo Rei. É muita criança para pouco profissional”, explicou. Em meses de maior demanda, esse número pode ultrapassar 800 crianças por mês.
A prefeitura, segundo ele, tem demonstrado disposição para o diálogo. O secretário de saúde, Adenilson Gregório Machado, tem sido receptivo às demandas do hospital. Contudo, Bruno reforça que a decisão final sobre os investimentos e priorizações parte da prefeita. “O Secretário de Saúde tem sido bastante solícito, mas sabemos que a decisão final é da prefeita. Precisamos que o município olhe para o hospital com o cuidado que a população merece”.
Hospital precisa de apoio para continuar atendendo
No ano de 2024, o hospital realizou cerca de 35 mil atendimentos e a projeção é de que esse número chegue a 40 mil até o fim do ano de 2025, devido ao crescimento expressivo da demanda. Bruno faz um apelo para que a relação entre o hospital e o poder público não seja conduzida por disputas políticas, como ocorria no passado. “As gestões da prefeitura vão passar e o hospital Cristo Rei vai continuar de pé atendendo a população de Mandaguari. Então que essa relação não seja uma guerra, como já foi no passado”.
Ele também alertou para as consequências caso a pediatria seja interrompida: as crianças teriam que buscar atendimento em Maringá, onde os hospitais são voltados apenas para alta complexidade, expondo as crianças a ambientes com risco aumentado.
Canal de diálogo aberto e compromisso com melhorias
Bruno reforçou o compromisso do hospital em ouvir a população. Casos recentes envolvendo pacientes com autismo foram tratados com atenção especial. Em um episódio, uma criança autista não recebeu prioridade de atendimento, como determina a lei, porque o hospital enfrentava duas emergências simultâneas com risco de morte. “Tivemos um caso em que não deram prioridade para uma criança autista, como manda a lei. Mas era uma situação extrema, com pacientes em risco de morte. Ainda assim, ouvimos a família, investigamos e tomamos providências”.
Em outro, uma mãe reclamou da recusa de internação de seu filho, mas a avaliação médica indicava que se tratava de um problema alimentar sem risco clínico. “Era uma questão alimentar. A mãe ficou revoltada, mas mesmo assim eu pedi para internar, o pediatra avaliou e disse que não havia risco. Se o atendimento foi ruim, nós apuramos. Eu disse para ela: ‘Se precisar, eu troco de médico amanhã. Mesmo nesses casos, eu pedi a apuração. Se o médico foi desrespeitoso, vamos averiguar e eu posso substituir o profissional. Não somos como o Pronto Atendimento Municipal (PAM), onde o servidor é concursado e não pode ser trocado.Se você foi mal atendido, procure o setor de auditoria, nós temos protocolos para isso. Reclamação não é problema, é instrumento de melhoria, um hospital sem reclamação é mentira”.
O Hospital Cristo Rei dispõe de um setor de auditoria interna onde qualquer cidadão pode registrar queixas e sugestões. As reclamações são encaminhadas ao Tribunal de Contas, conforme as normas de fiscalização. “A população precisa entender que o hospital é uma extensão da comunidade, nossa porta está aberta. Queremos corrigir o que for necessário, mas também contamos com o bom senso das pessoas para usarem o hospital quando realmente for urgente. Nós queremos melhorar, o hospital está aberto para ouvir todas as críticas construtivas. Se você se sentir mal atendido, procure a direção que nós vamos apurar e buscar resolver o problema”, concluiu.