Entre raízes e miniaturas: a arte milenar do Bonsai ganha força em Mandaguari
O mandaguariense Michael Guarnieri Bortolacci, de 37 anos, transforma simples mudas em verdadeiras obras de arte vivas. Há 25 anos dedicado à arte dos Bonsais, ele é hoje o único bonsaísta profissional de Mandaguari e tem se tornado referência regional no cultivo, manutenção e ensino dessa tradição milenar que une técnica, estética e filosofia oriental.
A história de Michael com o Bonsai começou cedo e quase por acaso. “Meu pai começou a trabalhar com a Romagnole e eu acabei indo junto. Fui aprendendo e virou minha profissão”, relembrou ele. Ainda criança, ele passou a conviver com o senhor Vicente Romagnole, um dos maiores colecionadores de bonsai do Brasil, e foi ali que se encantou de vez pelo que viria a ser seu ofício e paixão. “Eu comecei a aprender com o seu Vicente. Ele trazia professores do Japão e da Alemanha para os encontros anuais de bonsai. Eu observava, estudava livros, revistas e até fitas VHS na época. Fui aprendendo no dia a dia”.
Definido por ele como “uma árvore miniaturizada cultivada em vaso”, o Bonsai tem origem nas palavras japonesas “bon” (bandeja ou vaso) e “sai” (plantar). Michael explica que qualquer espécie de árvore pode se tornar um Bonsai, desde que sejam aplicadas técnicas específicas de poda aérea e de raiz, que limitam o crescimento da planta sem alterar sua genética. “Não existe muda de Bonsai, o que existe é uma muda comum que você conduz. Pode ser jabuticaba, pitanga, ipê… o que define o Bonsai é o trabalho e o cuidado constante”.
E esse cuidado leva tempo. “Um Bonsai feito a partir de semente pode levar até dez anos para ficar bonito e formado. Já com outras técnicas, dá pra ter um bom resultado em uns quatro ou cinco anos”. Atualmente ele cultiva cerca de duzentas plantas em sua propriedade.
Hoje, ele se dedica mais à prestação de serviços e aulas, do que à venda direta das plantas. “Eu trabalho com manutenção e cursos. Dou aula para iniciantes e também para quem já tem Bonsai e quer aprimorar as técnicas. Faço workshops e manutenção em casas de colecionadores”, detalha. Mesmo com tantos anos de experiência, Michael afirma que segue estudando e aperfeiçoando suas técnicas.
A arte do Bonsai é uma arte milenar que surgiu na China há mais de dois mil anos atrás, entre povos nômades que cultivavam plantas medicinais em recipientes para transportá-las nas viagens, e que foi aperfeiçoada no Japão. “Eles plantavam em vasos e bandejas rústicas para levar as mudas de um lugar para outro. Mais tarde os japoneses aperfeiçoaram isso, criaram estilos, formas e regras e transformaram o cultivo em arte”.
No Brasil, essa tradição é mais recente. “O Bonsai chegou com a imigração japonesa, há pouco mais de cem anos. É uma arte nova por aqui, mas está crescendo muito. Temos bonsaístas profissionais e amadores em várias regiões”.
Michael planeja continuar expandindo seu trabalho em Mandaguari e na região, oferecendo mais cursos e formações. “O Bonsai é uma arte que ensina paciência, disciplina e respeito pelo tempo da natureza. Eu pretendo continuar com isso pro resto da vida”, concluiu.



