E agora?

Leilão do lote 4 define o retorno do pedágio entre Mandaguari e Marialva; promessa é de tarifas menores e mais obras, mas a desconfiança continua sendo o passageiro mais frequente.

O martelo bateu.

Na quinta-feira, 23 de outubro, o leilão do lote 4 das rodovias paranaenses definiu o que já se esperava, o pedágio entre Mandaguari e Marialva vai voltar.

Depois de pouco mais de 4 anos de estrada livre, as cancelas vão baixar outra vez, e, junto com elas, volta aquele velho sentimento de desconfiança que o motorista paranaense conhece bem.

O governo garante que, desta vez, o filme é outro. Fala em transparência, tecnologia, tarifas mais justas e, claro, em obras.

No trecho da PR-444, que corta Mandaguari, estão prometidos de duplicação. No papel, o futuro parece promissor. No papel.

Porque o mandaguariense aprendeu a ler editais com o pé atrás. Já viu promessa virar asfalto rachado, tarifa subir antes da obra começar e concessionária desaparecer deixando só o pedágio de lembrança.

A história é longa, e o roteiro a gente já conhece, o discurso muda, o resultado nem tanto.

O certame foi vencido pelo Consórcio Infraestrutura Paraná que é ligado ao Grupo EPR, que já administra trecho de concessões no Paraná. Com promessa de tarifas a partir de R$ 8,00 usando o tag e de R$ 8,44 para condutores de veículos baixos sem a cobrança eletrônica.

Mas quem passa pela praça todos os dias sabe que o “desconto” pode sumir em poucos meses. A diferença real não é no bolso, é na paciência.

E aí surge a pergunta que deveria estampar todos os painéis de LED da rodovia, como Mandaguari vai lidar com essa nova concessão?

Vai aceitar o pedágio como um mal necessário, aquele preço que se paga pelo progresso?

Ou vai cobrar, de verdade, que cada centavo transformado em tarifa volte em forma de pista, segurança, isenção para os moradores?

A nova concessão promete auditoria, fiscalização e transparência. Bonito no discurso.

Mas quem vai fiscalizar? O poder público que assina o contrato? Ou a população que paga o boleto?

Mandaguari volta a ser passageira e pagante. Vai financiar a duplicação, torcer e esperar que as promessas não fiquem presas no acostamento da burocracia.

E se tudo correr bem, se as obras vierem, se a estrada ficar melhor, se o dinheiro render estrada, talvez valha o preço.

Mas se a história repetir o passado, teremos apenas um novo nome na placa da praça e o mesmo pedágio de sempre.

E agora, Mandaguari?