A nova concessão
Entre promessas, desconfiança e desafios
Com o fim oficial das concessões, o Governo Estadual e o Governo Federal iniciaram o processo de elaboração de um novo modelo de concessão, prometendo corrigir os principais problemas do sistema anterior. Entre as diretrizes estabelecidas estavam a redução tarifária, o aumento da competitividade nos leilões, mais investimentos em infraestrutura e maior rigor na fiscalização.
Novo modelo e primeiros leilões
O novo programa de concessões foi estruturado em seis lotes, totalizando aproximadamente 3,3 mil quilômetros de rodovias federais e estaduais. Os primeiros leilões ocorreram em 2023, com destaque para os lotes 1 e 2, arrematados por empresas como EPR e Grupo Pátria, com propostas que garantiram até 56% de redução nas tarifas em relação ao modelo anterior.
As cobranças nestes dois lotes foram retomadas entre março e abril de 2024. O modelo adotado inclui tarifas diferenciadas, descontos progressivos para usuários frequentes e a implantação do sistema free-flow, que permite cobrança sem a necessidade de praças físicas de pedágio.
Novas concessões e projeções para 2025
Outros dois lotes, o 3 e o 6, foram leiloados entre o final de 2024 e o primeiro semestre de 2025. O lote 6, que inclui 662 quilômetros de rodovias no Norte e Oeste do estado, foi arrematado por um valor abaixo do seu valor de mercado, mas com uma diferença relativamente pequena em relação a esse valor mínimo e sem concorrência, o que gerou questionamentos por parte de setores da sociedade civil. O lote 3, que abrange regiões do Noroeste e parte da BR-369, deve iniciar a cobrança de pedágios ainda no segundo semestre de 2025.
Ainda restam os lotes 4, que inclui a praça de Mandaguari, e 5, com previsão de leilão para os dias 23 e 30 de outubro de 2025. Juntos, esses dois blocos somam mais de mil quilômetros de estradas, incluindo trechos importantes que ligam cidades como Londrina, Maringá, Cascavel, Guaíra e Cornélio Procópio. Os editais já foram publicados e a expectativa é que os contratos sejam assinados até o final do ano.
Desafios e expectativas
Embora o novo modelo prometa maior transparência e tarifas mais justas, o processo ainda enfrenta desafios. A ausência de concorrência em alguns lotes, questionamentos judiciais sobre audiências públicas e a desconfiança popular em relação ao sistema continuam sendo pontos sensíveis. Além disso, a execução das obras previstas, incluindo duplicações, construção de contornos e melhorias na segurança viária, será um teste fundamental para a credibilidade das novas concessionárias.
O governo estadual afirma que, desta vez, haverá uma fiscalização rigorosa, com metas claras de investimento e mecanismos de penalização para descumprimento contratual. O objetivo é garantir que o novo modelo de concessão beneficie os usuários e promova o desenvolvimento regional de forma equilibrada.
Mandaguari voltará a ter pedágio com novo modelo de concessão
Mandaguari está incluída no Lote 4 do novo programa de concessões rodoviárias do Paraná. A praça de pedágio da cidade, localizada no km 198 da BR-376, deverá voltar a operar a partir de 2026, após a realização do leilão previsto para setembro de 2025.
O novo modelo promete tarifas mais baixas e maior transparência. Além disso, haverá descontos para usuários frequentes e pagamento automático por meio de tags.
O Lote 4 prevê mais de R$ 10 bilhões em investimentos, com duplicações, faixas adicionais, marginais e melhorias na segurança viária. O contrato terá duração de 30 anos, com metas e prazos definidos para execução das obras.
Sem garantias de desconto, pedágio em Mandaguari pode voltar sem benefícios aos moradores.
Com o leilão do Lote 4 das novas concessões rodoviárias do Paraná previsto para setembro deste ano, cresce a preocupação de moradores de Mandaguari quanto à possibilidade de retomada da cobrança de pedágio na BR-376, sem isenções ou descontos locais. O tema foi objeto de questionamento por parte do jornalista André De Canini ao deputado estadual Tercilio Turini.
Em resposta aos mesmos questionamentos, a equipe do deputado Tercilio Turini esclareceu que, diferentemente dos contratos antigos, os novos editais das concessões, agora sob responsabilidade do governo federal, não prevêem isenções automáticas aos moradores dos municípios lindeiros às praças de pedágio. Apesar das discussões realizadas ao longo do processo, Turini destacou que a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) ignorou os alertas feitos por ele e outros parlamentares sobre a necessidade de contemplar esses benefícios no texto dos contratos.
O deputado lembrou que, no modelo anterior, os descontos só foram conquistados por meio de mobilização local, e não faziam parte das obrigações contratuais das concessionárias. Cidades como Mandaguari, Arapongas e Jataizinho conseguiram condições especiais após protestos, negociações e pressão popular. “Cada conquista foi resultado direto da articulação das comunidades”, afirmou.
Turini ressaltou ainda que, apesar de os novos editais preverem descontos progressivos para usuários frequentes, esse mecanismo não atende de forma adequada quem precisa passar pelas praças todos os dias, como trabalhadores, produtores rurais e estudantes. Ele defende a retomada do debate em torno da isenção total para moradores das cidades vizinhas às praças de cobrança.
Outro ponto de preocupação destacado pelo parlamentar é a implantação futura do sistema free-flow, que cobrará o pedágio por quilômetro rodado. Embora essa tecnologia possa beneficiar quem faz pequenos deslocamentos, Turini alerta que, em regiões metropolitanas ou áreas conurbadas, como Maringá/Sarandi ou Londrina/Cambé, o sistema pode onerar ainda mais os usuários, já que os trajetos urbanos serão tarifados como trechos rodoviários.
Por fim, o deputado reforçou a necessidade de que a população de Mandaguari e da região se mobilize desde já. “Assim que a concessionária vencedora for definida, será fundamental abrir diálogo e, se necessário, pressionar para evitar que a tarifa cheia penalize quem depende da rodovia para se deslocar dentro da própria cidade ou para municípios vizinhos”, concluiu.
Se o cronograma atual for mantido, a praça de pedágio de Mandaguari deve voltar a operar no primeiro semestre de 2026.
Prefeituras de Mandaguari e Marialva se posicionam sobre pedágio
O Jornal Agora procurou as prefeituras de Mandaguari e Marialva para obter posicionamentos oficiais sobre a instalação de uma praça de pedágio na BR-376, prevista no novo modelo de concessão rodoviária do Paraná. Ambas responderam por meio de suas assessorias de imprensa.
Em Mandaguari, a prefeita Ivonéia Furtado reiterou sua posição contrária à instalação da praça de pedágio no município, destacando que desde o início das discussões defende que a população local não deve ser penalizada por uma cobrança em trecho de alta circulação regional e intermunicipal. A chefe do Executivo municipal participou de audiências públicas da ANTT, Assembleia Legislativa e FIEP em 2019, 2021 e 2025, além de ter encaminhado ofícios ao Governo do Estado, DER-PR e ANTT pedindo a revisão da localização, inclusive sugerindo a adoção do sistema “free flow”, com pagamento proporcional ao uso.
A prefeitura também mantém diálogo com deputados estaduais e federais em busca de apoio político contra a instalação da praça e estuda alternativas para mitigar os impactos econômicos e sociais à população, como rotas alternativas, melhorias na BR-376, instalação de trincheira e ampliação de descontos via sistema DUF (Desconto de Usuário Frequente). A gestão anunciou ainda a intenção de realizar audiências públicas quando o edital do Lote 4 estiver finalizado, e não descarta acionar a Justiça, se necessário.
Já em Marialva, a administração municipal confirmou que há interesse em negociar descontos tarifários para moradores e até discutir rotas alternativas em conjunto com Mandaguari. No entanto, as tratativas ainda dependem de definições por parte do Governo do Estado em Curitiba. A prefeitura informou que acompanha de perto as negociações e estuda a viabilidade de propostas para minimizar os impactos do pedágio na vida dos marialvenses.
Mandaguari e região terão série de obras viárias com nova concessão, mas tarifa de pedágio preocupa.
Com previsão de início em 2025, o novo contrato de concessão rodoviária do Lote 4 das Rodovias Integradas do Paraná prevê uma série de obras estruturantes ao longo de 30 anos. Entre os municípios beneficiados estão Mandaguari, Marialva e Maringá — importantes polos logísticos do Norte e Noroeste paranaense. No entanto, o valor da tarifa prevista para a praça de pedágio em Mandaguari tem gerado apreensão.
Segundo o projeto, a praça será instalada na BR-376, no km 198,68, dentro do território mandaguariense.
Obras em Mandaguari
Mandaguari terá a duplicação de um trecho de 1,34 km da PR-444, prevista para ser executada entre os anos de 2029 e 2030. A intervenção visa melhorar a segurança e a fluidez no acesso à cidade. Além disso, o município será impactado por obras indiretas que ocorrerão em cidades vizinhas, como Marialva e Maringá.
Investimentos em Marialva
No município de Marialva, o contrato prevê a implantação de faixas adicionais em dois trechos:
- 11,40 km na PR-897, com obras previstas entre os anos de 2031 e 2032.
- 2,71 km na BR-376, programadas para 2032, dentro do perímetro urbano.
Essas obras devem contribuir significativamente para desafogar o trânsito em áreas críticas e melhorar o acesso à região metropolitana de Maringá.
Contornos e duplicações em Maringá
Já em Maringá, estão previstas intervenções de grande porte. O destaque é a construção do Contorno Sul, com 19,27 km de pista dupla, prevista para 2031. A obra tem como objetivo desviar o tráfego pesado do perímetro urbano. Além disso, o Contorno Oeste, já concluído pelo DNIT, será incorporado à concessão.
O projeto também prevê melhorias em trechos da PR-317, que liga Maringá a cidades como Floriano, Sarandi e Marialva.
Impacto regional
Embora o pacote contemple obras importantes para o escoamento de cargas e segurança viária, o impacto econômico para os moradores e motoristas que utilizam diariamente essas vias tem gerado discussões. A praça de pedágio em Mandaguari está localizada em um trecho de uso cotidiano por trabalhadores e produtores locais, o que levanta questionamentos sobre a proporcionalidade entre investimento e cobrança.
Com investimento total estimado em R$ 10,91 bilhões em obras e R$ 7,33 bilhões em operação e manutenção ao longo da concessão, o Lote 4 das Rodovias Integradas do Paraná terá duração de 30 anos, com possibilidade de prorrogação.