Totalmente recuperada da crise, Romagnole fecha o primeiro semestre do ano acima das projeções

Recentemente, Idimilso Dalbem esteve na Agora Comunicação para conceder uma entrevista. Há 32 anos trabalhando na Romagnole, atualmente ele ocupa o posto de diretor administrativo e financeiro da empresa.

Durante a conversa, Dalbem falou sobre a atual situação da empresa mandaguariense, que teve um primeiro semestre acima da média de projeções. Dalbem abordou ainda temas nacionais, perspectivas e sua análise do cenário econômico nacional. Confira.

 

Jornal Agora: Existe muita indefinição em relação à economia brasileira. Como você analisa esse momento que estamos vivendo?

Idimilso Dalbem: O Brasil vive um momento de muita incerteza. Dizemos que após a eleição do Bolsonaro, tivemos um clima de confiança que, por si só, trouxe certo ânimo para o mercado. Mas, na medida em que ele começou a governar, as coisas não andaram na velocidade em que o governo planejava, e isso acabou tirando esse ânimo. Tem algumas reformas que são prioritárias, como a da Previdência, mas ela só um carro abre-alas. Digo isso por que a reforma da Previdência trará uma economia das contas públicas, não um investimento no mercado, onde o setor privado possa de fato de aproveitar disso. Entretanto, esse investimento que o setor privado precisa fazer, demanda um mercado de confiança. Estamos torcendo para que o mercado brasileiro retorne com confiança para que os investidores possam tirar seus projetos da gaveta e investir recursos.

 

Sentimos uma expectativa e um ânimo em torno da Reforma da Previdência. Pessoas acreditam que, ao aprovar a reforma, o investidor já começará a colocar dinheiro no mercado. Dá para imaginar algo assim?

 Dá, sim. O que acontece: um governo que não tem as contas públicas equilibradas gera incerteza e desconfiança dos investidores. Por exemplo, nós da Romagnole, somos do setor de Energia, fortemente ligado ao setor de Infra Estrutura. Hoje, o setor de Infra Estrutura Elétrica do Brasil está na mão do mercado internacional. Temos investidores nacionais, mas a grande parte dos nossos clientes são empresas estrangeiras. Ou seja, não tendo um clima de confiança e credibilidade no mercado, os investimentos ficam represados. Então a Reforma da Previdência é necessária, aprovamos e concordamos com a proposta que o governo tem colocado em pauta, para que o próprio mercado possa andar com as próprias pernas, sem depender muito do governo.

 

O acordo anunciado entre Mercosul e União Europeia na semana passada, já pode beneficiar diretamente a Romagnole?

Precisamos esperar a divulgação de quais são as listas de produtos que vão contemplar. Parece que na segunda-feira (1º), já começaram a sinalizar alguns. Mas nós temos, sim, uma pequena participação no mercado europeu. Nossa exportação está mais na América e África do Sul, mas nossa expectativa é que possamos ter algum benefício e nos aproveitarmos deste acordo.

 

Fechamos o primeiro semestre e a Romagnole parece estar vivendo um ano muito positivo.

Graças a Deus, pois saímos de um 2018 difícil. A crise teve um ápice no mercado em 2014/2015, mas para a Romagnole, essa crise chegou com mais força no final do ano passado. Tivemos um segundo semestre de 2018 bem desafiador, tivemos que escolher as melhores oportunidades no mercado para mantermos nosso parque fabril dentro de uma capacidade mínima aceitável, mas ainda assim foi um encerramento de ano complicado. Agora estamos em um patamar bastante interessante, superando nossas projeções, estamos quase em 20% acima do que havíamos planejado e este primeiro semestre foi de comemoração para nós.

*Entrevista publicada na 309ª edição do Jornal Agora