A difícil grande arte de ser mãe

O título da crônica surgiu antes do texto por que a expressão difícil a princípio pode parecer negativa, entretanto para mim em especial, ela traduz na prática o que realmente passamos na tarefa de criar um filho. E, não se trata apenas de levar em conta as mudanças pelas quais passamos nas últimas décadas. Por que se tornou muito comum hoje, as comparações, principalmente quando se trata das memórias das chineladas e varadas que levamos no lombo, e pasmem sobrevivemos muito bem, crescemos fortes e valentes, matamos nossos leões diários, pagamos os boletos, dormimos pouco, somos resilientes, e principalmente temos muito amor no coração. Usei a primeira pessoa do plural, por que me vejo em muitas mães com a mesma faixa etária que eu, e percebo nelas muitas angústias que vivencio nos meus quase 53 anos de vida.

Li essa semana que a grandiosa repórter Glória Maria, não um exemplo de mãe, por que não existe essa pieguice, somos na essência erros e acertos. Precisamos parar de acreditar que há pessoas melhores que nós mesmas, que alguém deva ser seguida, que copiar o que o outro faz, nos fará acertar. Enquanto escrevo o texto, coloquei no forno uma massa açucarada, a qual chamamos de bolo, uma receita que mudei alguns ingredientes, portanto, não será igual à receita original, e todas as vezes que preparo essa massa, há mudanças no resultado. Portanto, modelo, exemplo não haveremos de seguir. E até pode causar estranhamento, comparar comida com maternidade. Ledo engano, nascemos amamentando. Tenho uma amiga, que conseguiu amamentar a filha, nascida de outro ventre com o leite materno dela mesma.

E ela, a repórter, uma mãe incrível, presente, parceira, cheia de cuidados e amor com as crias. Admiro demais a prática que ela tem de “mãezar”, penso que deveríamos criar esse verbo, um neologismo que faz todo o sentido. Mas, enfim li que a linda repórter não quer que a idade seja revelada depois que ela morrer, faz questão de esconder quantas primaveras têm. Penso que trata-se de uma grande tolice, por que um dos fatos que me dão alegria, é ter ciência, que mesmo mais maduras, somos capazes de trazer criaturinhas adoráveis ao mundo. E nem sempre elas são adoráveis, às vezes nos tiram do sério, a ponto de querer que voltem à barriga.

Ontem vendo a imagem do príncipe ao lado dos pais, todo envolto a um traje branco riquíssimo, me veio à mente minha aluna, do nono ano, com uma barriguinha já avantajada, da filha que nascerá em junho. Comparei sem querer as duas criaturinhas, e pensei com meus botões, e entendi na vida real, quem é o príncipe. Pois, nosso erro não é trazer ao mundo princesas e príncipes, mas fazê-los acreditar que são na vida real. E me vem à mente, que no dia de ontem, ao passar em frente à delegacia, vi uma fila enorme de mães, que visitariam os filhos presos, na semana dos dias da mãe.

Percebo que não importam a origem, ou vida que levam os filhos, o amor de mãe é algo que vi muito além de uma propaganda perfeita que exibe apenas os momentos memoráveis que temos com nossas crias. Sim, por que a melhor parte de ser mãe, é justamente reconhecer que todas nós princesas ou plebeias, enfrentamos dificuldades, medos, inseguranças, vergonhas, tristezas. Mas o que nos une às criaturas é um fio invisível que está fixo ao nosso coração. Que você mamãe, seja você um “paimãe”, uma “vomãe”, uma “tiamãe”, enfim a você que sabe muito bem o sentido das palavras que esse texto traz.

P.S.: Nunca gostei da parte da música: e o avental todo sujo de ovo, por que a avental da minha mãe sempre foi muito limpo e passadinho. E o bolo assou e ficou sensacional, com umas alterações na receita.