Um anjo sem asas que trouxe de volta os movimentos de uma vítima quase fatal da Covid-19

Maria Knupp Albino, de 64 anos, é exemplo de superação a todos que conhecem sua história. Uma vítima do vírus que quase perdeu sua vida, depois sua visão e por último os movimentos de todo o seu corpo, situação essa que com o apoio hospitalar e da fisioterapeuta Maria Amanda Gonçalves Gervasio Ferreira, de 24 anos, foi revertida.  Dona Maria no início de fevereiro teve de passar momentos no hospital cuidando de sua mãe que estava internada com problemas no fígado. Durante as idas e vindas do hospital, Maria testou positivo, junto de seu marido, após seu irmão também ser confirmado como uma vítima do novo vírus. 

No dia 2 de março, Maria foi encaminhada para o Centro de Tratamento para a Covid-19 (CTC) de Mandaguari e de lá saiu direto para o Pronto Atendimento Municipal (PAM) tendo que ser mantida com oxigênio e dias depois entubada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Metropolitano de Sarandi. 

Após 27 dias entubada e desacordada, Maria teve de ser mantida sedada para que aguentasse o desconforto, até que uma traqueostomia foi realizada e esta conseguiu aguentar o estado hospitalar em que se encontrava. Durante estes dias, o pai de Maria, que também havia contraído Covid-19 junto dela, veio a falecer, e esta por sua vez só descobriu quando acordou no hospital. 

Após este passo em direção a superação, a dona de casa ficou mais 11 dias na UTI e pode sair do hospital no dia 14 de abril, porém sem o movimento do seu corpo, a não ser o de três dedos da mão direita, e sem poder enxergar.Uma semana depois ela recuperou a visão do olho direito, mas a visão do olho esquerdo, continuou sendo algo que o coronavírus havia tirado da senhora. 

No dia 15 de abril, um anjo sem asas surgiu na vida de Maria. A fisioterapeuta Maria Amanda Gonçalves apareceu na vida da família de acordo com a família “por um ato de Deus”. Renata contou que a escolha da fisio foi pura ação divina. “O meu tio foi até a farmácia e enquanto comentava com a atendente do estabelecimento, que já era íntima da família, acabou comentando a situação de minha mãe e que nós não conhecíamos nenhuma profissional que pudesse auxiliar na recuperação dos movimentos dela, e foi aí que uma das funcionárias da farmácia recomendou a Maria Amanda que prontamente veio até a nossa casa para realizar uma avaliação fisioterapêutica”. 

A fisioterapeuta contou a reportagem do Jornal Agora como ocorreu e como foi levado o tratamento de Maria para que ela superasse as expectativas de voltar andar em aproximadamente 8 meses e voltasse a caminhar em menos de 90 dias. “Eu confesso que fiquei com dúvidas se ela voltaria a andar, pois ela estava muito debilitada. Eu iniciei os atendimentos com ela fazendo fisioterapia motora passiva, fisioterapia respiratória com manobras pulmonares para estar fazendo liberação de secreção. E conforme foi passando o tempo, nós notamos uma leve elevação de pernas, depois de braços e fomos com um trabalho de formiguinha, melhorando aos poucos. 

Conforme nós fomos observando a evolução dela, respiratória e motora, eu comecei a trabalhar com movimentos para que ela conseguisse ficar sentada, até o dia em que ela conseguiu ficar sentada sozinha e a partir daí eu trabalhei movimentos com ela sentada, monitorando sempre os sinais vitais dela. Eu trabalhei com ela sentada e aos poucos eu fui colocando os pés dela em contato com o chão e gradativamente ela foi sentindo as coisas, até que um dia ela se sustentou em pé, e  no outro conseguiu dar o primeiro passo. Foi um trabalho muito minucioso, e algo que poderia ter demorado de 6 meses a 1 ano, foi conquistado em menos de 90 dias. Nesses 90 dias nós já conseguimos que ela voltasse a andar, com um pouco de dificuldade motora e respiratória, mas agora é só fechar esse ciclo”. 

Tanto a família quanto a profissional nunca deixaram de acreditar nas bençãos que Deus poderia derramar sobre dona Maria, de 64 anos, que por sua vez nunca deixou a esperança de voltar a andar de lado.  

Renata Albino Knupp, a filha de Maria, relatou toda a história de sua mãe à reportagem e  contou que quando viu a fisioterapeuta atender sua mãe sabia que aquela recuperação era certa, mas ainda assim, o tempo ainda a surpreende. “Quando vi a Maria atendendo a minha mãe com aquela dedicação, amor e carinho, ficamos confiantes que ela ia se recuperar,mas não imaginávamos que seria uma recuperação tão rápida”. 

A filha de dona Maria e seu esposo João Albino de Oliveira também foram essenciais nesta recuperação. Renata conta que seu pai nunca saiu de perto de sua mãe e passou por todo esse processo lado a lado de sua amada esposa. 

No dia 15 de julho, fez-se três meses desde o início da primeira sessão de fisioterapia com Maria Amanda e hoje, dona Maria já pode andar. A fisioterapeuta, que mesmo sem asas, foi um anjo responsável por trazer de volta os movimentos e a alegria da família Knupp, que juntos venceram a Covid-19. 

*Reportagem publicada na 368ª edição do Jornal Agora