Pandemia do coronavírus influencia subnotificação nos casos de câncer no Paraná

Com o medo da contaminação pelo novo coronavírus em hospitais e clínicas de atendimento, muitas pessoas têm deixado serviços essenciais – como exames médicos, em 2º plano. Mas, o diagnóstico tardio na caso de um câncer, por exemplo, pode diminuir as chances de cura.

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O alerta para o crescimento para a subnotificação de casos de câncer nos últimos meses no Paraná é da Sociedade Brasileira de Oncologia.

Alerta

Ao longo do mesmo período do ano, de março a maio, uma média de sete mil novas biópsias de câncer. Elas caíram para 2,9 mil, aproximadamente”, afirmou o presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia no Paraná, Bruno Azevedo.

Essa situação tem acontecido em todo o país. Para os médicos da área da oncologia, a explicação é uma só: o medo da pandemia do coronavírus. O que preocupa é que o atraso no diagnóstico leva também a uma demora maior para começar o tratamento.

No Hospital Erasto Gaertner, em Curitiba, que é referência no tratamento de câncer no estado, o número de novos pacientes caiu em média 25% durante a pandemia.

“A saúde não é um serviço não essencial. Se você tem uma queixa de saúde, você deve procurar o atendimento médico para dar segmento àquela queixa. Quanto menos as pessoas as suas queixas ao serviço de saúde, menos elas são diagnosticadas”, afirmou Tiago Tormen, que é diretor-técnico do Hospital Erasto Gaetner.

Consultas pela internet

Desde o começo da pandemia, o hospital adotou uma série de medidas para diminuir a circulação de pessoas e garantir a segurança de pacientes e profissionais.

A tecnologia tem ajudado. O hospital desenvolveu um sistema próprio para fazer consultas pela internet.

 

“A gente consegue fazer a seleção dos pacientes que precisam vir para uma consulta presencial. Isso faz com que a gente não adie a consulta. O paciente é atendido, suas queixas são ouvidas. O paciente fica mais tranquilo, e a grande maioria dos pacientes que se encaixa no sistema de telemedicina não precisa comparecer a uma consulta presencial mesmo”, explicou Tormen.

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Chance de cura

Não deixar para depois significa maior chance de cura. No câncer de mama diagnosticado no início, o índice chega a 86%, de acordo com o Hospital Erasto Gaertner. Em uma fase mais avançada, cai para menos da metade: 39%.

Tumores de próstata diagnosticados no começo têm chance de cura de 89%. O índice cai para 63% em estágio avançado.

“Não necessariamente todas as doenças têm que ser operadas de um dia para o outro, mas eventualmente ao aguardar 60 dias, 90 dias para um tratamento, eu talvez esteja saindo de uma situação localizada para uma situação avançada e perdendo a possibilidade de tratamento curativo”, disse Azevedo.