Mandaguari registra oscilações no mercado de trabalho em 2025 e acumula saldos negativos até outubro

Os dados do Novo CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgados pelo Governo Federal, revelam que o mercado de trabalho formal em Mandaguari apresentou forte instabilidade ao longo de 2025. A análise dos meses de janeiro a outubro mostra alternância entre períodos de crescimento e retração, com impacto significativo da indústria, setor que concentrou tanto os maiores saldos positivos quanto as maiores perdas de vagas no ano.

No acumulado dos dez primeiros meses, o município teve meses consecutivos de saldo negativo, especialmente entre junho e setembro, o que comprometeu o desempenho geral do ano, apesar de sinais pontuais de recuperação.
Início do ano com desempenho positivo

Janeiro abriu o ano com saldo positivo de 114 vagas formais, resultado de 647 admissões contra 533 desligamentos. A indústria foi o principal motor do crescimento, com saldo de +95 empregos, seguida pelos serviços (+11), comércio (+7) e agropecuária (+2). A construção civil apresentou leve retração, com saldo de -1.

Em fevereiro, Mandaguari manteve o ritmo de crescimento, com saldo de 95 empregos. O mês registrou o maior número de admissões do ano, com 714 contratações. Novamente, a indústria liderou (+61), acompanhada pelos serviços (+27) e comércio (+6). A agropecuária teve leve queda (-1).

Março, no entanto, marcou desaceleração, com saldo de apenas 19 vagas. O resultado foi sustentado principalmente pelos serviços (+12), agropecuária (+8), comércio (+5), indústria (+2), enquanto a construção civil apresentou saldo negativo de -8.

Em abril, o mercado de trabalho formal entrou em retração, com saldo negativo de 62 vagas, resultado de 563 admissões e 625 desligamentos. A indústria teve a maior perda do mês (-56), seguida por serviços (-7) e agropecuária (-7). O comércio foi o único setor com saldo positivo relevante (+8), enquanto a construção permaneceu estável.

Maio trouxe breve recuperação, com saldo positivo de 81 empregos. A indústria voltou a liderar (+60), seguida pelo comércio (+22). Os demais setores tiveram desempenho estável, com pequenas variações.

Segundo semestre marcado por fortes retrações
A partir de junho, o cenário voltou a se deteriorar. O mês fechou com saldo negativo de 85 vagas, influenciado principalmente pela indústria, que perdeu 119 postos de trabalho. Julho agravou ainda mais a situação, registrando o pior desempenho do período analisado: saldo negativo de 183 empregos. O mês também apresentou o maior número de desligamentos (720), com destaque para a indústria (-154) e os serviços (-38).

Agosto manteve a tendência negativa, com saldo de -114 vagas e o menor número de admissões do ano (479). A indústria novamente concentrou as perdas (-123), enquanto a agropecuária (+13) e a construção (+4) tiveram desempenho positivo, ainda que insuficiente para reverter o quadro.

Em setembro, o município registrou nova queda expressiva, com saldo negativo de 149 empregos. A indústria (-121), o comércio (-22) e a agropecuária (-15) puxaram o resultado para baixo.

Outubro apresentou sinal de recuperação, com saldo positivo de 96 vagas, o melhor desempenho do segundo semestre e o menor número de desligamentos do ano (456). A indústria voltou a se destacar, com saldo de +78 empregos, acompanhada por construção (+7), comércio (+7), agropecuária (+2) e serviços (+2). Nenhum setor apresentou saldo negativo no mês.

Indústria concentra os maiores impactos
Ao longo de 2025, a indústria se consolidou como o setor mais sensível às oscilações econômicas em Mandaguari. Embora tenha liderado os saldos positivos no início do ano e em outubro, também foi responsável pelas maiores perdas nos meses de retração, especialmente entre junho e setembro.

De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico, Meio Ambiente e Turismo do munícipio, Fagner Paulo da Silva, apesar do saldo negativo, Mandaguari mantém uma base econômica ativa. “O município encerra o período com um estoque robusto de trabalhadores formalizados, e muitos profissionais têm migrado do regime CLT para atuar como autônomos, um movimento que o CAGED não computa, mas que mantém a economia local em funcionamento”, afirma.

Os dados indicam que, apesar de momentos de recuperação, o mercado de trabalho formal no município enfrenta desafios estruturais, refletindo dificuldades de contratação, ajustes produtivos e mudanças no comportamento da força de trabalho. A expectativa é de que os próximos meses sejam decisivos para definir o fechamento do ano e a consolidação de uma retomada mais consistente.

A coordenadora-geral da Agência do Trabalhador de Mandaguari, Jane Marques, explica que, apesar do aumento no número de demissões em 2025, especialmente nos últimos meses, o cenário não indica falta de oportunidades de trabalho, mas sim dificuldades no processo de contratação, sobretudo na indústria. “Hoje nós temos muitas vagas disponíveis, mas as empresas estão com bastante dificuldade de fechar essas vagas. Toda semana a agência disponibiliza mais de 100 oportunidades, muitas delas acabam se tornando vagas ‘eternas’, porque exigem qualificação específica”, destaca.

A coordenadora também relaciona as demissões mais recentes a fatores externos, especialmente no setor industrial. “Muitas empresas da cidade trabalham com exportação e o cenário econômico acabou ficando instável por conta das taxas impostas ao país. Com isso, houve reestruturações internas, estudos dentro das empresas, o que acabou resultando nessas demissões no final de 2025”, explica.

Jane lembra ainda que outros setores seguem aquecidos, como os frigoríficos, que mantêm alta oferta de vagas, apesar da elevada rotatividade. “É o mercado de trabalho: enquanto um setor enfrenta dificuldades, outro cresce. Isso faz parte do cenário econômico”, pontua.

Com 12 anos de atuação na Agência do Trabalhador, a coordenadora ressalta que o volume de demissões registrado recentemente chama atenção. “Fazia muito tempo que não víamos tantas demissões como agora no final de 2025, mas acreditamos que esse cenário seja temporário”, conclui.

Comparação com 2024
Em comparação com 2024, o desempenho do mercado de trabalho formal em Mandaguari em 2025 é significativamente inferior. No ano passado, o município encerrou o período com saldo positivo superior a 600 vagas com carteira assinada, impulsionado principalmente pela indústria e pelos setores de serviços e comércio, mesmo diante de oscilações ao longo do ano. Já em 2025, os dados até outubro indicam um cenário mais instável, marcado por meses consecutivos de saldo negativo e por perdas expressivas na indústria, evidenciando um ritmo mais lento de geração de empregos formais no município.

Qualificação profissional
Diante dos contextos apresentados, o município aposta na qualificação profissional como uma das principais estratégias para enfrentar os desafios do mercado de trabalho e criar condições para a retomada do crescimento econômico, especialmente nos setores mais impactados ao longo de 2025.

“A Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Meio Ambiente e Turismo reafirma seu compromisso em estreitar principalmente a parceria com o Governo do Estado e com o Sistema S (SENAI e Sebrae) para intensificar a qualificação profissional e ajudar nossas empresas a navegarem pelas barreiras do comércio em nível nacional e internacional”, afirma o secretário.