Rogério Thadeu fala sobre saúde, propósito e o desafio de unir Psicologia e Medicina

De volta a Mandaguari, o psicólogo e futuro médico Rogério Thadeu participou de uma entrevista na Rádio Agora, onde abordou temas como saúde mental, estilo de vida, autoconhecimento e os desafios da formação médica. A conversa foi conduzida pelo apresentador Júlio César Raspinha.

Rogério, que está a um ano de concluir a graduação em Medicina, compartilhou sua trajetória pessoal e profissional. Formado em Psicologia e com longa experiência em sala de aula, ele decidiu retomar os estudos para realizar um antigo sonho: tornar-se médico. “Foi uma decisão difícil. Largar uma vida estável para começar do zero exigiu coragem. Mas quando há um propósito claro, o sacrifício se torna mais suportável”, afirmou.

Durante o bate-papo, Rogério destacou que a escolha por um novo caminho não representou um abandono da psicologia, mas uma expansão de horizontes. Segundo ele, as duas áreas se complementam e dialogam de forma profunda na prática clínica. “É impossível tratar uma queixa física sem considerar o impacto psicológico e social daquilo que o paciente está vivendo. A saúde precisa ser vista de forma integrada”, defendeu.

Um dos pontos centrais da conversa foi o papel do autoconhecimento na tomada de decisões. Para Rogério, a capacidade de auto-observação é fundamental para sustentar qualquer projeto de vida. “A pessoa que não se conhece está vulnerável. É como um barco sem leme. A primeira tempestade pode derrubar”, disse.

Ele também criticou a cultura da pressa e da performance, que, segundo ele, está diretamente ligada ao aumento de casos de ansiedade, depressão e outros transtornos mentais. “Vivemos numa sociedade que valoriza o prazer imediato, moldada pelas redes sociais e pela comparação constante. Isso gera frustração e esvaziamento existencial”, explicou.

Outro tema abordado foi a dificuldade de mudança de hábitos. Rogério afirmou que, embora a informação sobre saúde seja amplamente acessível, ela não é suficiente para transformar comportamentos. “Todos sabemos que é importante dormir bem, se alimentar de forma saudável e praticar atividade física. Mas por que tantas pessoas não conseguem? Porque por trás desses comportamentos existe uma história emocional que precisa ser compreendida”, analisou.

Nesse sentido, ele defendeu uma abordagem médica mais humana e empática. “O acolhimento, o olhar, a escuta qualificada, tudo isso faz diferença. Muitas vezes, uma conversa atenta tem mais efeito do que um comprimido”, afirmou. Rogério relatou que sua própria postura tranquila costuma ter efeito calmante nos pacientes, o que reforça a importância da conexão entre médico e paciente.

A entrevista também trouxe reflexões sobre os impactos das redes sociais no comportamento das pessoas, especialmente entre os jovens. Rogério alertou para os riscos de um padrão de vida baseado na comparação com os outros. “Muita gente vive para mostrar algo nas redes sociais que não condiz com a própria realidade. Isso gera sofrimento e pode levar a comportamentos autodestrutivos”, afirmou.

Ao ser questionado sobre possíveis saídas para essa realidade, Rogério foi enfático: “A primeira coisa é cultivar a autenticidade. Ser verdadeiro com o que se sente, reconhecer a tristeza, o vazio, a dúvida. Fingir felicidade só aprofunda o sofrimento. Cada um precisa encontrar sentido dentro da própria realidade, sem se comparar com o outro”.

O entrevistado ainda fez críticas ao uso crescente de cigarros eletrônicos, especialmente entre os jovens. Segundo ele, trata-se de uma “epidemia silenciosa” que, ao contrário do que muitos pensam, traz riscos maiores do que o cigarro tradicional. “As evidências científicas mostram que o cigarro eletrônico pode ser ainda mais danoso. É preciso combater o modismo com informação e prevenção”, alertou.

Ao final da entrevista, Rogério agradeceu o espaço e reforçou seu compromisso com a educação e com a saúde pública. “Sou professor, psicólogo, e agora quase médico. Minha missão é compartilhar conhecimento e ajudar as pessoas a encontrarem caminhos mais saudáveis e conscientes”, concluiu.