Café de Mandaguari conquista selo de Indicação Geográfica e ganha reconhecimento nacional
O café produzido em Mandaguari agora tem reconhecimento nacional. O município recebeu o selo de Indicação Geográfica (IG), concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), que atesta a procedência e a qualidade superior dos produtos de uma determinada região. No caso do café, o selo garante que os grãos cultivados no município possuem características únicas, resultado do solo, clima e cuidados no cultivo.
O processo que levou à conquista começou em 2022, com apoio do Sebrae, Prefeitura, Cocari, IDR-Paraná, Emater e mobilização dos produtores locais. “A indicação geográfica é um reconhecimento concedido pelo INPI, que é o Instituto Nacional de Propriedade Industrial. Ele é vinculado ao Ministério da Economia. É como o queijo da Serra da Canastra, o vinho do Porto. Isso agrega valor ao produto e fortalece a economia local”, explicou Eduardo Abílio, ex-secretário de Desenvolvimento Econômico, Meio Ambiente e Turismo de Mandaguari.
Segundo Eduardo, o selo pode aumentar o valor de venda do café em até 50% e ainda impulsiona o turismo rural e o fortalecimento da cadeia produtiva. “Além de trazer benefício para os produtores, visa-se a questão econômica, com a IG, você agrega um valor no produto final de 20% até 50%”.
A partir de agora, produtores da região que seguirem as diretrizes técnicas poderão utilizar o selo. A Cafeman, Associação dos Cafeicultores de Mandaguari, é responsável por avaliar os lotes e liberar a certificação. O café precisa atingir, no mínimo, 80 pontos em avaliações sensoriais para ser considerado apto. “O provador vai beber, ele vai te dar um laudo: seu café atingiu 80 pontos, você está apto a receber esse selo”, explicou o presidente da Cafeman, Fernando Rossetto.
Para alcançar essa pontuação, o cuidado começa na lavoura. O processo de colheita é seletivo, com grãos maduros colhidos manualmente, sem contato com o chão. O clima e o solo também colaboram. “A nossa terra roxa é considerada uma das melhores do mundo, e o Trópico de Capricórnio passa pela região, garantindo temperaturas. Tudo isso contribui para que o café de Mandaguari seja de altíssimo nível”, disse Rossetto.
Uma descoberta científica contribuiu para a certificação: os cafés de Mandaguari possuem uma bactéria natural que não consome os açúcares do grão, diferentemente de outras regiões. Isso confere doçura natural ao café, uma característica rara e valorizada.
Além de Mandaguari, o selo pode ser usado por produtores de Jandaia, Cambira, Apucarana, Arapongas e Marialva, desde que sigam os mesmos critérios. A Indicação Geográfica conquistada é do tipo denominação de origem, considerada uma das categorias mais rígidas e valorizadas.
Para Rossetto, o selo representa um novo capítulo para a cafeicultura local. “Isso vai fazer com que o produtor tenha um incentivo a mais para produzir. Novos produtores que estavam desanimados podem se animar, e quem já produz vai querer buscar um café de qualidade”.
O ex-secretário Eduardo Abílio também celebrou o resultado: “Quando iniciamos o processo, parecia tão distante. Mas tudo é questão de foco, demora, mas chega”.
Com essa conquista, Mandaguari passa a integrar oficialmente o mapa dos produtos de excelência do Brasil e o café da cidade ganha o reconhecimento que há muito já recebia na xícara. Agora, com o selo de Indicação Geográfica, os grãos cultivados por mãos dedicadas carregam também a garantia de origem, qualidade e identidade. É o sabor de Mandaguari ultrapassando fronteiras e ocupando seu lugar de destaque no cenário nacional.